Qualidade de vida | Segundo estudo realizado na USP, a incorporação do treinamento físico pode atenuar alterações cardíacas desenvolvidas pelo tumor, como fibrose e inflamação no tecido cardíaco
Estudo realizado na USP demonstrou que o exercício físico aeróbio oferece proteção cardíaca para pacientes com câncer, o que pode impactar no tratamento e na sobrevida de pacientes. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Larissa Fernandes, pesquisadora no Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, compartilha que o estudo iniciou com a proposta de estudar se pacientes quimioterápicos já tinham alterações cardíacas antes do tratamento, ou seja, se havia efeitos diretos do tumor no organismo.
Larissa compartilha que há na literatura estudos que apontam para os efeitos cardiotóxicos do tratamento do câncer, mas a descoberta dos efeitos do tumor no organismo antes mesmo do tratamento fez com que os pesquisadores buscassem no exercício físico uma forma de atenuar os efeitos causados pela doença. “Isso chamou muito a nossa atenção, não esperávamos que fosse tão evidente as alterações que encontramos e aí entramos com o remédio para todos os males, que é o exercício físico. Entramos com o exercício físico aeróbico e vimos que o treinamento físico é capaz de atenuar algumas dessas alterações cardíacas nesse modelo.”
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O experimento feito em laboratório mostrou que camundongos com tumor tinham fibrose e aumento de colágeno associado a uma inflamação no tecido cardíaco, “alterações cardíacas que vão impactar diretamente na função cardíaca, ou seja, o coração é menos funcional. [Os camundongos] tiveram uma queda da fração de gestão, o quanto o coração está bombeando para o resto do organismo”. Com a incorporação do exercício físico, houve atenuação da fibrose que estava aumentada no tecido cardíaco dos animais, assim como na inflamação no tecido.
Larissa compartilha que o estudo utilizou um modelo tumoral bem agressivo, com a característica da caquexia, “uma síndrome que vai impactar na redução da massa muscular esquelética e, junto dessa redução, ela também impacta diretamente outros órgãos, como o tecido cardíaco”. De acordo com a pesquisadora, “se o paciente está em tratamento, em conjunto com todas as outras alterações, [a caquexia] acaba limitando muito o tratamento e o sucesso do tratamento no total”. Os próximos passos para a pesquisa é que ela continue na parte clínica, estudando quais medidas devem se estabelecer melhor no paciente e observar de fato os benefícios do exercício físico.
Fonte: Jornal da Usp