Tratamento do hipogonadismo deve ser feito de acordo com a idade do homem e o diagnóstico da doença
Concluindo a série sobre o Novembro Azul, trazendo informações e orientações sobre a saúde do homem, o assunto abordado desta vez é o hipogonadismo masculino: uma condição médica muito comum e que todo homem deveria conhecer. A maneira de como fazer o diagnóstico e quais as opções de tratamento são algumas das questões levantadas acerca do tema. Existem muitos caminhos terapêuticos para pacientes sintomáticos, que são formas seguras de administrar a testosterona e seus derivados.
Apesar de não ser um assunto próximo do homem devido ao descuido com a saúde, o hipogonadismo é a baixa produção de testosterona, o principal hormônio do organismo masculino, pelos testículos, o que traz consequências ao indivíduo. Há a alcunha popular de “andropausa”, fazendo um paralelo à menopausa que acomete as mulheres. O termo é incorreto pois o processo, no homem, não ocorre de forma repentina como o do sexo feminino. O Jornal da USP No Ar conversou com o professor Jorge Hallak, urologista da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do Grupo de Estudos em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
O urologista afirma que a falta de testosterona atinge, principalmente, uma certa faixa etária de homens, contudo, há ressalvas. “O hipogonadismo ocorre quando os testículos, principal produtor do hormônio, perde essa capacidade e agrava a situação clínica. Ele afeta homens em sua sexta ou sétima década de vida, mas pode atingir 10% de adolescentes que têm seu desenvolvimento retardado — por conta de herança genética associada ao retardo da puberdade — e 40% dos homens com até 45 anos de idade podem ser afetados.” Alguns sinais e consequências do hipogonadismo afetam a vida sexual, como ereções mais fracas e em maiores intervalos, ejaculações menos vigorosas e até perda do desejo sexual, ou em forma de sintomas associados, como diminuição da gordura corporal e até mesmo depressão.
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A maneira como se faz a estimulação da testosterona depende do diagnóstico. Como se trata de um hormônio com forte interferência nas funções do organismo, sua administração requer alguns cuidados. Caso o hipogonadismo seja por conta da baixa produção na faixa etária dos 60 anos, o médico recomenda a reposição hormonal, prescrita de forma criteriosa e por um profissional. O doutor Hallak diz que há outras formas de estimular o hormônio em casos de homens entre 15 a 45 anos, as restaurações de função hormonal, e reafirma que a testosterona não pode ser vista como uma mercadoria. “Existem pré-hormônios que estimulam o próprio testículo a funcionar. Mas tem que se alertar para a existência de grupos de indivíduos em idade reprodutiva que não têm doença nenhuma. Eles querem aumentar de forma artificial a massa muscular. E eu vejo na clínica muitos pacientes com infertilidade masculina, com pouca produção de espermatozoide.”
A produção hormonal da testosterona também pode ser realizada por meio de atividade física.”Ela pode ser aumentada em 30% ou 40% só com atividade física. A prática é o remédio mais poderoso do que o prescrito pelo médico. E mais: o medicamento com a atividade física não só terá um melhor efeito, como será mais duradouro.” Assim, o indivíduo tomará menos hormônio no futuro, realizando, de tal forma, a restauração hormonal citada. Mas a melhor e indispensável maneira de cuidar da sua saúde continua sendo a consulta ao especialista, seja qual for o grupo masculino.
Fonte: Jornal da Usp