Musculação controlada é essencial no tratamento da artrite reumatoide

Exercícios de musculação feitos com pouco peso e associados à restrição parcial da circulação sanguínea produzem bons resultados, aponta pesquisa

Os exercícios de musculação feitos com pouco peso (carga baixa) e associados à restrição parcial da circulação sanguínea produzem fortalecimento muscular e estabilização das articulações das pernas de modo semelhante aos treinos com carga elevada. Como resultado, reduzem as dores e o incômodo da artrite reumatoide, um tipo de inflamação crônica e incurável que acomete as articulações. A doença provoca dores, deformidades e diminuição da força muscular, sobretudo em mulheres com mais de 50 anos de idade. É o que revela pesquisa realizada no Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (LACRE) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, em parceria com o Instituto de Radiologia da FM e com a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. O Jornal da USP no Ar conversa com o responsável pelo estudo, Reynaldo Rodrigues, fisioterapeuta e doutor em Ciências Médicas pela FM.

A artrite reumatoide é a doença inflamatória autoimune mais comum entre a população adulta. “O tratamento medicamentoso da doença evoluiu muito nos últimos anos”, comenta Rodrigues, e avança: “Mas há estudos recentes que demonstram que essa medicação não consegue reverter o quadro de atrofia muscular”. Por conta disso, o Colégio Americano de Reumatologia, assim como a Liga Europeia de Reumatologia, recomenda uma abordagem multidisciplinar para esses pacientes, envolvendo exercícios aeróbicos, caminhadas e, também, exercícios de força muscular.

No entanto, os portadores da artrite reumatoide sofrem grande diminuição da força muscular, o que dificulta a realização de exercícios de força muscular com carga elevada – situação ideal para o ganho de massa e força muscular. A pesquisa realizada pelo LACRE buscou, justamente, encontrar um modo para “potencializar o ganho de força e massa muscular, mas com baixa intensidade. Assim, surgiu o treinamento com restrição do fluxo sanguíneo”, comenta o doutor em Ciências Médicas.

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O estudo foi desenvolvido com 48 mulheres com artrite reumatoide, entre 46 e 67 anos. As participantes foram divididas em três grupos: 1º) Um grupo submetido a treinos com alta intensidade; 2º) Um grupo submetido a treinos com baixa intensidade associados à restrição parcial do fluxo sanguíneo; 3º) Um grupo controle. As pacientes foram avaliadas em relação ao ganho de força e massa muscular, para isso foi utilizado o padrão de ouro desse tipo de análise: tomografia computadorizada.

“Os resultados observados no grupo com alta intensidade foram muito similares ao grupo com baixa intensidade associado à restrição parcial do fluxo sanguíneo”, esclarece Rodrigues, o que comprova a eficácia do método. O grupo com alta intensidade teve um aumento de 20% de força e 11% de massa, enquanto o grupo com baixa intensidade obteve um aumento de 21% de força e 9,5% de massa. O grupo controle, que não realizou exercícios de força muscular, teve uma melhora de 1% de massa.

Reynaldo Rodrigues explica que o intuito do ganho de força e massa muscular é possibilitar que o portador de artrite reumatoide consiga realizar suas atividades do dia a dia, como subir uma escada, sem quaisquer limitações. O método busca a independência motora e a melhora da qualidade de vida.

Por: Jornal da Usp